quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Só você para me aliviar


Muito cansada

Preciso de um conforto

Suspirar sossegadamente

Relaxar meu corpo

Tirar meu estresse

Aliviar minhas dores

Conversar com você!

Ah! Meu querido chuveiro

Só você para me aliviar.


Veneza de Almeida Babicsak

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Me larga...


Tenho que arrumar minhas coisas

Preciso me organizar melhor

Necessito limpar meus sapatos

Quero guardar minhas roupas

Esvaziar minha bolsa

Doar as roupas que não uso

Fazer um lanchinho legal

Decorar meu quarto

Receber meus amigos

Visitar os parentes

Mas você não deixa

Por que você não me larga?

PREGUIÇA...

Veneza de Almeida babicsak

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Aceitar

Aceitar
Sem expectativas

Ouvir
Sem constrangimentos

Olhar
Sem enxergar

Sentir
Sem machucar

Chorar
Sem magoar

Julgar 
Sem humilhar

Amar
Sem preconceitos.

Veneza de Almeida Babicsak

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Sentir

Na floresta da vida, me perdi
No encanto da alma, sussurrei
No entardecer dos sonhos, acordei.

Na luz das trevas, brilhei
No bater do coração, senti
Na ilusão da mente, desfaleci.

No encontro com a dor, fortaleci
No envolver do sofrimento, enalteci
Na força do amor, vivi...

Veneza de Almeida babicsak








domingo, 27 de janeiro de 2013

Eu

Eu...
Sou três!

O que sou
O que você acha que sou
O como eu acho que você me acha!

Complicado!
Como sou realmente então!
Não sei!

Somo tudo e divido por três!
Não dá certo,
Posso perder minha essência.

Multiplico e faço uma média!
Acredito não ser ideal,
Posso enaltecer o que não devo.

Somo, divido e subtraio!
Será que é bom?
Posso complicar minha existência.

E agora, o que fazer?
Simples,
Seja você mesma.

Veneza de Almeida Babicsak




sábado, 26 de janeiro de 2013

Cansaço

Cansada de quê?
Cansada por quê?

Sossego de quê?
Sossego por quê?

Insônia de quê?
Insônia por quê?

Tristeza de quê?
Tristeza por quê?

Alegrias de quê?
Alegrias por quê?

Decepção de quê?
Decepção por quê?

Amor de quê?
Amor por quê?

Fé de quê?
Fé por quê?

Por que tantos porquês?
Gente, porque sou humana!


Veneza de Almeida Babicsak



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Entendi!

Entendi tanta coisa!
Entendi o que não queria
Entendi o que queria
Entendi o que você queria
Entendi o que nós queríamos
Entendi o que ele queria
Entendi tudo direitinho
Só não entendi uma coisa:
Entender para quê!

Veneza de Almeida Babicsak

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Oba! Quero gritar!

Gritei, chorei, cansei
Cai, dormi, sumi
Sonhei, pensei, acordei.

Gritei, gostei, vivi
Me ergui, me fortaleci
Cresci, aprendi, sorri.

Gritei, cantei, enterneci
Amei, doei, recebi
Energizei, voei, venci.

Veneza de Almeida Babicsak

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Problemas

Quem não tem?
Você tem?
Feliz de você.

Problemas são importantes
Faz bem para o crescimento
Crescimento de alma
Crescimento de vida.

Me responda então:
Tens a solução?
Não!
Então, não tens problema.

Veneza de Almeida Babicsak


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Transformaçao

Aprender, 
aprender 
e aprender.

É isso que todos pensam!
Será!

Querem quando querem.

Participam de alguma coisa?
Cursos, quem sabe!
Workshop... projeto. 

Resta saber

Sempre que isto ocorre, 
Realmente estão preparados?

Compartilhar... essencial. 

Compromisso... envolver-se 
Reflexão... inovação.
Transformação...inevitável.

Veneza de Almeida Babicsak

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Anjos não têm costas...

Risos, gargalhadas...e eu ali, compartilhando aqueles momentos. Momentos? Ele, o palestrante, com voz firme, enfocando e rotulando o Educador com muita ironia, falando para vários professores, todos atentos e descontraídos:
- ...Você professor! quando se ausenta, por acaso os alunos ficam na porta do diretor indagando: - Eu quero o professor! Por que ele não veio? ou então, depois de terminar duas aulas seguidas, os alunos exclamam: - Ah prófe! Bem que poderia ser três aulas em vez de duas, né?... Mais risos.

Aqueles risos e murmúrios começaram a me conduzir justamente ao mundo irreal de que tanto ele discursava: minha sala de aula, meus alunos. E o discurso continuava:
- ...Ao ouvir o sinal de entrada, você, professor, corre para dar a aula e ao chegar, para abrir a porta de sua sala, os alunos te empurram, entram e sentam depressa para aproveitar o máximo do tempo, cada segundo, nem conversam, desesperados para começar as tarefas do dia, com medo de não dar tempo!, - “Ufa, que sufoco!”.

Ah! Sala de informática, será que é sobre isto que ele vai falar agora. Quase não o ouço, o som dos risos atrapalham. Não consigo ver graça.
– ... No momento em que toca o sinal de saída, seus alunos não saem da sala de jeito nenhum, querendo ficar lá mais um pouco e você, desesperado, querendo sair, para dar aula em outra escola e eles dizem com aqueles rostinhos de anjos: - “Que pena prófe!, a aula acabou!” e você fica triste por ter que ir embora.

Agora já é demais, ele está olhando para mim. Será que está falando de meus alunos! Que pretensão! Muita coincidência. Deve ser porque não estou rindo. Rir, dá vontade de rir sim. Como é que todos conseguem alienar-se e achar que estes fatos ditos tão ironicamente por este palestrante, são totalmente impossíveis de acontecer um dia. Um poema. Ele está declamando! Versos ou anedotas?... Versos, poemas, poesias, isto me faz lembrar das Poesias sem Fronteiras, um mundo real, tão real, que alunos daqui do Brasil conseguem conversar com o mundo através de um computador, uma conexão, uma Internet e aquele barulhinho do mouse clic, clic, clic...

Ah! Esse barulhinho do “clic” não sai de minha mente, agora, mesclando com esses risos e gargalhadas... Será que ele já fez alguma palestra para professores sobre o uso da tecnologia na escola? Internet? Uso de computadores na sala de aula? Palestra! Nossa! Este mês tenho que estar participando do terceiro Workshop do Programa Enlaces: “Tecnologia integrada ao currículo ”. Lembro do primeiro que participei, em maio de 2001, uma semana longe da família, nosso mestre, R.W. “Buddy” Burniske, as coordenadoras do Programa Enlaces, Thereza “Kika” Brino, Valeria Lima e Elisa Almeida”, trabalhando como loucos, direcionando as atividades, dando as coordenadas e orientando os professores participantes quanto ao desenvolvimento de projetos e nada de risos, muito trabalho, afinal tudo isto será para eles, nossos alunos, a criação e desenvolvimento de projetos telecolaborativos.

Iniciar um projeto, me faz voltar no início do ano. Novo horário. Segundas-feiras, aquele choque: três aulas seguidas com uma turma do 3º ano “B” do ensino médio e os professores comentando:

- “Coitada da professora! Três horas com a mesma turma, num mesmo dia”. 
Fiquei preocupada, era uma sala totalmente indisciplinada. 

Logo em seguida, iniciei “aquele” projeto, Poesia sem Fronteiras do Programa Enlaces com esta turma, utilizando a poesia como elo entre alunos do Brasil e do mundo através da Internet. Para minha surpresa, depois de algumas aulas, muitas pesquisas em sites, envio de e-mails, e ao chegar na porta da sala de informática, todos já estavam lá me esperando, entravam rápidos e ouvia os comentários: 
- “Ainda bem que hoje temos três aulas, né prófe! Dá para aproveitar bem o tempo”, sentavam-se em grupos em frente aos computadores e como os via somente de costas, pensava: - “Anjos não têm costas!”, antes, ao vê-los, pensava: - “Lá vem aqueles bagunceiros, terei que ficar três horas com eles, que desespero!”.

Foi assim que tudo mudou. Para conversar com eles, somente dizendo: “Desliguem seus monitores”. Na hora em que sentava em frente ao computador para dar alguma explicação, todos ficavam ao meu redor, quase ficando sem ar, me imaginando aquela galinha carijó com os pintinhos em sua volta, aonde eu ia, eles estavam atrás, perguntando e questionando, querendo novidades, sentindo necessidade de aprender, conhecer seus colegas parceiros do projeto, que estavam tão distantes, do outro lado do mundo, mas tão próximos!

Antes do projeto, quando “lia” algum poema, meus alunos não davam atenção, ficavam tão distantes, e agora ao “digitar” algum poema, ficam tão próximos, todos lêem “SIMULTANEAMENTE”, produzem textos, analisam e comentam os poemas “by disquete” e eu não preciso levar para casa aquelas pilhas de provas e sim, em cada aula, coloco estes textos na tela da televisão e com os próprios alunos faço as devidas correções e avaliações.

No término das aulas, eles até reclamavam: - “Bem que amanhã poderíamos ter novamente sua aula?”. Só que amanhã, eu não terei aulas com esta turma. E, se por algum motivo, ausentava-me das aulas, eles queriam saber o porquê, e retrucavam: - “Não dá prá senhora trocar as aulas”.

Distantes... Próximos... Antítese ou paradoxo? Eu aqui, o palestrante lá, tão próximos, tão distantes. Alunos... Mundo...proximidade. Mudanças! Transformação! Modernidade! O que estou fazendo aqui nesta palestra?

Sei que não posso consertar o mundo, mas alguma coisa está acontecendo para que ele mude e eu estou participando desta mudança através do Projeto Poesia sem Fronteiras, fazendo com que os alunos ao entrar na sala de informática, percebam o prazer em aprender, compartilhando seus conhecimentos. A alegria que eles sentem ao se conectarem com o mundo, torna a aprendizagem mais prazerosa.

No término do período, me olho e sinto minhas mãos suaves, cheirosas e meus cabelos soltos e o avental então? Até esqueci de colocá-lo. Para quê? Sou igual aos alunos na sala de informática, eles me ensinam e estou aprendendo a cada dia.

Término! Ah! A palestra acabou...


Veneza de Almeida Babicsak 


domingo, 20 de janeiro de 2013

Ponto de partida

Chega um momento em nossas vidas... 
Precisamos tomar alguma iniciativa 
Mudar, reagir, transformar.

Haver um sentido real  
Em tudo que fazemos 
Sentir felicidade e realização. 

Aí é que começa as nossas preocupações: 

Como mudar? O que fazer? 
Transformar de que maneira? 
São questões importantes para a grande virada. 

Se acertamos, ótimo!

Se erramos...
Precisamos ter a consciência 
Saber tentar novamente. 

Missão em mudar, 
transformar, fazer acontecer, 
sem dúvida, 
é realmente o que importa. 

Veneza de Almeida Babicsak

sábado, 19 de janeiro de 2013

Seguir...Sempre

Seguir...
Sempre...
Para o infinito, olhar.

Saber percorrer todo esse trajeto 
Dos atropelos, tendo consciência
Obstáculos, inevitável.

Mas...
Nunca voltar 
ou se arrepender de nada.

Cada tropeço...
Cada derrota...
Servir como aprendizagem.

Compromisso, sim
Hora da grande chegada, 
Só Deus poderá desvendar o mistério. 

Veneza de Almeida Babicsak

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Máscaras da vida

A vida, muitas vezes, nos leva por caminhos tortuosos, obrigando-nos a se esconder através de máscaras, fazendo com que percamos nossas identidades e características. Desta forma, as pessoas a nossa volta não conseguem saber quem realmente somos.

As drogas, o alcoolismo e as doenças também conseguem se esconder sob estas máscaras, não permitindo com que as pessoas sejam vistas como realmente são, muito menos, que possam ser apoiadas.

Nós professores temos a incumbência de mostrar aos nossos alunos, as diversas máscaras em que a vida se apresenta, orientando-os e fazendo-os com que nunca percam suas identidades e cacterísticas, preparando-os assim, para esses caminhos da vida.

Arrancar a máscara e mostrar seu verdadeiro “eu” é o primeiro passo, para que possamos nos conhecer e automaticamente, nos ajudarmos. Vamos juntos participar deste grandioso momento, sentindo como podemos mudar nossas vidas.

Não deixe que uma máscara esconda você da sociedade e da vida.


Veneza de Almeida Babicsak 


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Retrato de uma sala de aula

- Bom dia, crianças !
- Bom dia, querida professora !
- Nossa ! Que barulho ! Que sala! Que alunos! Quanta energia ! - murmurou a professora.
- Por favor, Silêncio. Desta forma vocês não conseguirão prestar atenção nesta aula que a professora preparou com tanto carinho, tanta dedicação, tanto amor...

A bagunça ainda continua, mais moderada com certeza. A querida professorinha consegue equilibrar as conversas; um jogo de cintura aqui, um carinho ali, um gritinho lá. Com seu jeitinho a aula tem um equilíbrio perfeito. Evidente que os "lindinhos" da 5a. série olham o relógio desesperadamente, afinal, após o sinal, será o tão esperado recreio.

- Crianças entenderam ?
- Sim, querida professora!!! - gritaram todos.

Evidente que eles entenderam tudo. O toque para o intervalo, será dado em dois minutos. Entretanto, um inocente aluno, sentadinho lá no fundo da sala, ergue o braço e indaga:

- Eu não entendi, A senhora poderia explicar novamente?
- Não entendeu Felipe?
- Não senhora.

O alvoroço começou. Os alunos indignados quase se ergueram para “ estapear “ o pobre Felipe. A professora disfarçando sua vontade de rir, retomou a explicação, ouvindo também os sussurros dos alunos:

- "Ainda mato o Felipe de socos"
- "Vamos ajustar as contas na saída"
- "Imagine, perguntar bem na hora do sinal"

O pequeno Felipe com os olhos arregalados, não sabia se prestava atenção no que a professora falava ou para seus colegas, pois naquele instante o sinal soava estridentemente. Novo alvoroço.

- Calma meninos! - dizia a professora.
- Ainda não terminei a aula. O Felipe ainda está com dúvidas, nós temos que ajudá-lo. Enquanto eu não acabar, ninguém sairá da aula.
- Como professora! - Isto não é justo. Queremos sair agora. É a nossa hora do lanche.
- Não. Não irão sair. Aguardem mais um instante.

Que tristeza! Só conseguiram sair depois de passar mais da metade do recreio.

Assim, se o pequeno Felipe sanou suas dúvidas, não temos certeza, mas podemos afirmar que o intervalo não foi um dos melhores para ele, desta forma, a professora que entrou tão brava e séria na sala, conseguiu sair rindo das artes de seus pupilos. Desta vez, 1 x 0 para ela.


Veneza de Almeida Babicsak. 


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Jogo de cintura

A área estava "minada". Todo cuidado é pouco. Perigo à vista!
Barulho total, mesmo assim, ela se arrisca e avança o território, logo de cara um avião passa quase que esbarrando seu corpo, outro em seguida, desvia, senão!!! Tenta não se intimidar e vai em frente para conseguir comandar seu posto. 

Quase chegando lá, à sua frente, uma pequena guerra de balas brancas cruzando seu tão querido espaço. Mesmo assim, por amor à sua profissão, ela enfrenta toda essa batalha, não se deixa abater como um inimigo querendo ganhar a guerra de qualquer maneira. Tenta usar sua diplomacia, embora não seja uma tarefa fácil, mas ela tenta ...e não desiste... Precisa apenas de um "tempinho", com certeza.

Olha ao seu redor, desvia dos objetos voadores, consegue abafar os gritinhos em seus ouvidos, fazendo de conta que não ouve, não sente, não fala, como se fosse um ser de outro planeta que acaba de cair ingenuamente, patinando na maionese, alheio a tudo que está vendo e sentindo, com um ar doce, meigo e cheio de amor para dar.

Evidente que para isso, ela faz de tudo para chamar a atenção, e se esqueçam do que estão fazendo e quem sabe, o silêncio e o desprezo poderão ser bem eficientes nesse momento, ou uma armadilha, ou mesmo um tiro certeiro, talvez uma granada!!! Uma bomba!!! Bem, o melhor é se armar com muito amor e carinho, com certeza será muito mais eficaz, e isso é que importa, o resultado, primeiro ganhar uma batalha e depois a guerra.


Conseguiu! Todos em silêncio, prestando atenção em sua aula, a professora já despida da roupa de batalha e os alunos totalmente desarmados, sem os aviões, sem giz , sem bolinhas de papéis amassados que atiravam sem rumo, sem saber em que direção seria o alvo, enfim, todos em um ambiente de paz e harmonia. Parece irreal! É... Temos que ter fé e seguir em frente. Desta forma, a querida professora faz um "ditado" com os versos de Mário Quintana e todos escrevem em silêncio, de dar inveja:


" ... TÃO LENTA E SERENA E BELA E MAJESTOSA ...


Neste preciso instante, uma aluna, que nunca fez uma bagunça sequer, aplicada, quieta, resolve emitir um comentário antes da professora terminar a frase:


- "ESSA, SOU EU", murmura a aluna.
Em seguida , a professora termina a frase:
- Vai passando a "VACA".


RISOS, GARGALHADAS, BARULHO TOTAL, MINOU A ÁREA, NOVAMENTE... GIZ, AVIÕES, BOLINHAS DE PAPÉIS ...-
1 X 0 para os alunos. A professora acabou entrando na bagunça de tanto rir.

Veneza de Almeida Babicsak 


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Olá Pai! O senhor quer um doce?

O dia termina. 
São exatamente dezoito horas e quinze minutos, um senhor com mais de setenta anos de idade, deitado numa cama, sem poder se mover e com muita dificuldade para falar, conseguindo, às vezes, se comunicar apenas com o olhar. Olha em direção à porta e vê sua filha mais velha chegar, toda sorridente, depois de mais um dia de trabalho. Ao se aproximar do pai, seu rosto já não transparece aquele brilho suave e a tristeza, acompanhada da dor, transforma seu semblante. 

- Olá pai, tudo bem ? Como passou o dia de hoje ?
- Muita dor, filha - sussurra o pai. 


Naquele instante, a filha faz tudo para não chorar, mas as lágrimas caem rapidamente, sem tempo sequer para segurá-las. Num gesto de carinho, sem saber o que dizer, ela pergunta se ele gostaria de comer alguma coisa gostosa. Ele faz sim, com a cabeça.


- O senhor quer um doce ou salgado ? - pergunta.
- Um doce. Aquele que você sempre compra. - complementa o pai, com extrema dificuldade.
- Ah ! já sei, queijadinha ?
- Sim. - responde com o olhar abatido e apagado.
- Vou num instante. Daqui dez minutos, estarei de volta. 


Ela sai rapidamente do quarto, para não cair em prantos. Entra no carro e começa a chorar. Naquele choro profundo e calado, pensa o quanto ama seu pai, o quanto ele fará falta, não só para ela, mas para sua mãe, os outros filhos e os netos que ele tanto adora. Sua hora está chegando, Deus o está preparando e avisando lentamente, que ele seguirá para a grande viagem, rumo ao infinito, que não conseguimos ter consciência de como será. 


O sofrimento da filha é tão grande, quanto a de seu pai. 
Tanto ele não quer partir, como ela não quer perdê-lo. 

Liga o carro e sai como se fosse um robô, movimentos automáticos, olhar parado, mas seu interior fervilhando, sua cabeça querendo estourar de tanta revolta, chegando às vezes, até duvidar da existência de um Ser Superior. 


- Por quê ? Meu Deus ! Eu não quero perder meu pai ! - exclama desesperada. 


Mas, de nada adianta suas súplicas, ele partirá e será em breve; as esperanças se foram e a realidade é dura e cruel. A única coisa agora, neste momento, é comprar os doces que ele quer comer. Novamente, mergulhada em seus pensamentos, ela questiona, o porquê, "comprar doces ", o porquê, seu pai em meio a tanto sofrimento, pedir-lhe uma coisa tão simples, corriqueira e banal. 


Ainda em suas interrogações, ela consegue voltar aos seus tempos de criança e, principalmente lembrar quando ficava doente, de cama, sem poder levantar e com todo dengo que tinha, ficava de olho na hora da chegada do pai, ao voltar do trabalho, e ele todo preocupado e amoroso, perguntava se ela estava bem, e ela sempre pedia com jeitinho: 

- Tô com uma vontade de comer um doce e um salgadinho da padaria, o senhor não iria comprar ? 


Ele, mesmo cansado, comprava vários doces e salgadinhos e ela se derretia toda, como se aqueles doces fossem o melhor remédio para que se recuperasse e pudesse sair logo da cama. 


Desta forma, a pobre filha, enquanto comprava os doces, conseguiu compreender o pedido e o desejo sufocante de seu pai. Naquele momento, para ele, somente um doce para aliviar a sua dor e receber da filha o mesmo amor e carinho que ele dava a ela quando estava doente, e agora, por força do destino, as coisas se inverteram. Foi doloroso ter compreendido aquele momento, foi doloroso saber que aquele doce, no mesmo instante que aliviaria sua consciência, poderia ser o último que compraria para seu pai, mais doloroso ainda, ter compreendido que, por muitas e muitas vezes, seu pai foi sua salvação, seu alívio, sua esperança, seu mundo de amor e alegria, e naquele momento, antes de partir, ele com certeza, mostrou-lhe o sabor da gratidão, para que juntos compreendessem e agradecessem a oportunidade da reciprocidade daquele amor. 


Já de volta, assim que colocou na boca de seu pai, um pedaço do doce, ele ainda teve tempo de não só saboreá-lo, mas sentir aquele momento sublime que a vida reservou. A filha, por sua vez, ouviu o último suspiro do pai e com lágrimas sufocantes, deu-lhe o último abraço. O mundo dos sentimentos é único, precisamos apenas decifrá-los no momento exato, para que o nosso sofrimento, a nossa dor possa ser suportável. 


Com certeza, aquela filha, quando chegar do trabalho, não mais terá um pai para dizer "olá, pai, tudo bem ! o senhor quer um doce ? , mas com certeza terá um filho, que em algum momento, algum dia, poderá lhe fazer essa pergunta. 


Veneza de Almeida Babicsak 




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Aprender a perder você

Movimento... Agitação... Correria... Choro e lágrimas... 
Uma silhueta feminina andando prá lá e prá cá. 
Algumas pessoas falando alto, outras em tom mais suave.
Alguém tentando até amenizar o sofrimento deste ou daquele. 
Aquela silhueta de mulher era um sofrimento aparente e seu rosto estava totalmente transtornado. As lágrimas rolando em sua face não a deixava falar, gritar ou murmurar. 
Sua dor interna era maior do que qualquer escândalo. 
Sem dar atenção aos demais, foi até seu quarto, pegou delicadamente uma folha de papel e começou a escrever: 

“Querido Pai! 


Eu nunca tive oportunidade de escrever-lhe uma carta... claro, não houve necessidade!. Sempre estivemos juntos, sempre compartilhando as alegrias e tristezas, mas agora, querido pai, eu preciso, eu necessito escrever estas linhas como um grande desabafo. 


Sabe pai! Em você projetei meu ideal de vida. De você copiei todos os meus princípios com muita dignidade. Somente em você, consegui espelhar meu caráter e honestidade. Quando eu achava que estava difícil suportar o peso de um trabalho, eu sempre lembrava o quanto você trabalhou nesta vida, quantas madrugadas frias você saiu para ganhar o sustento da família, quantas noites sem dormir e nunca você faltou com seus compromissos. 


Lembra-se, como eu sentia orgulho de você quando criança. Ao tornar-me adulta, sentia mais orgulho ainda, admirava sua inteligência, sua cultura e facilidade para conversar sobre todos os assuntos. Você lia todos os jornais, assistia todos os noticiários da TV para ficar bem atualizado e ainda passava as informações para toda a família. 


Oh Pai! Quanto você era capaz! Quanto você aprendia e fazia tudo com facilidade e sensatez. Sua capacidade e percepção ia além de todos nós. Conseguia sentir nossas tristezas, nossas alegrias e o mais importante, nossas necessidades. 


Ajudar o próximo, era uma frase que você conhecia muito bem, claro que você tinha sua alma gêmea para isso, nossa mãe. Ela estava sempre ali, do seu lado e vocês ajudavam todas as pessoas que necessitassem de um apoio, carinho, compreensão e até dinheiro emprestado.


Onde você colocasse as mãos, brotava amor e duplicava a alegria. Infelizes aqueles que te renegaram um dia, pois não souberam reconhecer o amor e a felicidade. Tijolo por tijolo, pai, quantas casas você construiu para abrigar, os que aflitos, desejavam tê-las.

Não escreveu um livro, mas plantou muitas, muitas árvores. Nos ensinou a ler e escrever. Aprendi a dirigir carro com você, lembra-se? Quanta emoção!. E os netos! Quanta alegria! Se pelo filhos tudo fazia, pelos netos então, era tudo em dobro. Sua família é linda, unida e próspera, temos muito orgulho disso. Pena pai, que tenho que compartilhar, dividir, doar você para um “SER” maior. Está sendo muito difícil pai! De tudo que me ensinou, só uma eu nunca quis aprender: “Perder você”. Agora, neste instante, neste momento, perdi você, perdi o seu físico, nunca mais terei a presença de seu corpo, mas sua alma já está dentro do meu coração. 


Entrego você à DEUS, achando que ficarei sozinha. Nunca mais vou vê-lo, somente suas lembranças farão parte de minha vida. Tenho que aprender a perder você, vou tentar, mas uma coisa tenho certeza: jamais aprenderei a te esquecer. Você partiu, mas a saudade ficará para sempre. 


Adeus pai e obrigada por ser sua filha”. 


Ao terminar de escrever a carta, com as mãos trêmulas, dobrou as folhas e colocou-as num envelope. Um silêncio... Um soluço... Uma lágrima... Alguns passos e ela conseguiu entregar a carta para seu pai. Beijou suavemente seu rosto e logo em seguida, alguém se aproxima para fechar o caixão... PARA SEMPRE...

Veneza e almeida Babicsak




domingo, 13 de janeiro de 2013

Flores no vaso

Saem apressadas de casa. Quase não falam, hoje estão atrasadas, entram no carro e percorrem as ruas como se o mundo não mais existisse, tudo parece ser tão distante para elas, nada mais tem importância. Estacionam o carro no lugar de sempre e entram na mesma floricultura. Muitas flores, lindos vasos e arranjos. Qual escolher? Difícil, todos arranjos são lindos, mas elas querem sempre o mais bonito e nunca conseguem chegar a um acordo. 

- Eu prefiro as flores brancas, fala uma delas. 
- As amarelas são mais lindas, retruca a outra. 
- Flores coloridas ficam melhores, murmura a mais brava. 

E aí? Para não haver brigas, decidem que cada uma levará suas flores preferidas.
Brancas, Amarelas e Coloridas do campo. Cada qual abraçada ao seu ramalhete saem da floricultura e aí começa o longo percurso, a rua parece não ter fim, os pensamentos voam, seus olhares distantes e tristes preocupadas em chegar ao local almejado. 

Assim que chegam, numa harmonia de gestos e movimentos, uma seleciona e separa as flores, outra limpa e arruma e a mais brava vai buscar a água. Começam então a colocar as flores no vaso e novamente não chegam a um acordo. 
Uma reclama, outra não quer que atrapalhem o seu arranjo, e a terceira só observa.
Missão difícil, elas querem que aquele arranjo seja o mais lindo daquele lugar, o mais esplendoroso, o mais chamativo, o mais exuberante.

Assim que terminam, observam todos os lados do vaso, uma arrumadinha aqui, outra acolá, se olham e uma delas murmura: 

- Está lindo! Bem colorido, e as fores vivas, não é?.
- Sim, muito lindo, responde a outra. 
- Que tal pai? O senhor gostou também? Trouxemos estas flores para você. 
- O vaso está bem colorido, do jeito que o senhor gosta. 
- Espero que elas não murchem logo, afinal o sol está escaldante. 

Olham entre si como se estivessem esperando uma resposta para aquela súplica, só que não há resposta. 

O pai jamais responderá. 

A mais brava fala baixinho para ele que ainda é seu marido: 
- Amanhã eu volto prá ver se tudo está em ordem, como você gosta. Tchau.
 - Tchau pai, fica com Deus e olhe por nós, exclama a filha. 
- Tchau pai, sinto sua falta, fala a outra filha. 

Beijam o retrato exposto ali, naquele túmulo e ali, deixam seus sentimentos de amor, carinho e saudade naquele simples vaso de flores e sem condições de olhar para trás, as três novamente retornam o mesmo percurso, mais um, em milhares de outros que farão. 

Veneza de Almeida Babicsak


Flores do Campo em Vaso

sábado, 12 de janeiro de 2013

Cheiro de Café


O relógio toca, toca, toca.
Aperto o botão ainda dormindo
Hora de levantar, muita preguiça
É dia de trabalho, não adianta lamentar.

Ah! Chuveiro milagroso!
Suas águas me renovam, dando energia
O dia promete, e eu prometo trabalhar
Necessidade me empurra dando coragem

Troca de roupa, sapatos, perfumes, que legal!
Tão bom sentir-se útil, capaz e viva,
Mas, sem um cafezinho, impossível
E o tempo, não vai dar, o relógio anda.

Ando depressa, entro no carro, hora de sair
Há tempo ainda para saborear um cafezinho
Não no bar, nem na padaria, nem no trabalho
Só na Casa da mamãe, que maravilha!

Ainda na rua, o carro à mil, segue quase sozinho
Mesma rua, mesmo horário, mesmo destino
Alguém sempre me espera, que delícia
Isso é mais gostoso que o café.

Chego e todos os dias ele está chegando também.
Nas mãos, sacolinha com pães, que gostosura!
Ah! Mas o cheirinho da mortadela é demais,
Meu pai sorridente, havia comprado os pãezinhos.

Juntos, entramos na cozinha, outro cheirinho,
Café! Não dá prá aguentar. Só resta agora
Sentar, olhar para a mesa e se deliciar
Café, leite, pão, manteiga e mortadela.

Hum! Ainda sinto este cheiro.
Cheiro do café, do pão com mortadela,
Cheiro do amor, da energia, da felicidade.
Cheiro da presença, cheiro de meu pai.

Cheiro, agora só, posso sentir e lembrar...
Lembrar do meu querido pai, que todos os dias
Acordava e pensava no meu cafezinho
E eu podia usufruir todos estes momentos.

E agora, o relógio toca, chuveiro, roupas,
Sapatos, perfumes, trabalho, cansaço.
Não tomo mais café, vou direto pro trabalho
A saudade aperta, não tenho mais pai.

Ele se foi, Deus o levou para sempre
Estou só e tudo daria, se quando eu saísse
Em toda manhã avistasse aquele homem
Apressado com pão e mortadela nas mãos
E o café reforçar minha energia.


Veneza de Almeida Babicsak

mortadelaCafe com Fernet e extrato de gengibre   Café com Fernet e extrato de gengibre

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Vento que o Levou

Você se foi como um pássaro 
Tão rápido que não conseguíamos acreditar 
Foi tão grande o impacto quanto a dor 
Naquele momento, era uma lança 
Que atravessara nossos corações. 


No desespero não queríamos entender 
Que nunca mais o teríamos. 
Agora, sentimos saudade, muita saudade 
Não sabemos confortar nossa dor. 


Sabemos que estamos só, muito só 
Um pouco de nossa identidade perdeu-se 
Preencher o vazio é tão difícil 
Como o vento a cada dia tentando levar 
nossas angústias, nossa saudade 
e não conseguindo, suas raízes impedem. 


Sua vida aqui foi tão forte 
Nem mesmo uma tempestade 
Conseguirá arrancar sua fortaleza. 
Suas sementes aqui estão 
Para que nunca o esqueçamos 
Suas histórias de vida e luta 
Sempre fiéis em nossos corações.

Em nossa mente sua memória, 
Fará parte de nossas orações 
E a única certeza que temos 
Que um dia iremos nos encontrar 
E compensar sua ausência. 


Veneza de Almeida Babicsak 
Uma singela homenagem ao meu sogro, Janos Babicsak, que era Húngaro e partiu deste mundo em 1999. 


vento do outono Stock


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Viagem sem Fim

Tudo é nada diante do todo, nada sou nas raízes de meu ser 
Finjo até me encontrar nas profundezas dos sonhos 
Procuro nos devaneios de minha existência, um elo de luz. 
Desejo ser exatamente o que me propuseram e ainda consigo 
Abrir os braços para o infinito em busca de esperança. 


No espaço do tempo, nada é real, tudo parece embaralhado 
Minha mente fervilha, ouço vozes e sinto o cheiro do mar 
Um mar tão intenso, tão envolvente, acariciando o frescor da pele 
E a sensibilidade extravasando nessa imensidão 
Olho para o infinito e nada vejo. Sinto apenas um vazio profundo! 


Meu corpo inerte parece flutuar... Quero sentir, quero saber, 

Quero ouvir, quero ter certeza ! Onde estou ! O que aconteceu ? 
Será sonho ou realidade ? Existe um conflito, interrogação ! 
Preciso obter uma resposta para que eu possa, enfim, renascer. 
Tenho a sensação que parti e nesta viagem tenho que me reencontrar 
Tenho que reconquistar a esperança, mudar, transformar. 


Ser algo diante do que me amedronta e me assusta 

Quero aprender a ser o que não fui, esquecer o que vivi sem saber, 
Juntar os pedaços de minha existência para poder ser eu 
Seguir o caminho sem volta e assumir os papéis que a vida me propôs 
Tão deliberadamente que não quis aceitar e sem perceber, 
Simplesmente colocar uma máscara, tal qual uma armadura 
Tão invisível quanto minha existência. 


Vivi numa redoma intransponível como uma guerreira sem sonhos, 
Sem proteção, erguendo uma bandeira por ideais inexistentes 
Lutando por um sonho, um sonho de amor. Amando seu país, 
Suas origens, suas crenças, sua gente. Amando a tudo e a todos, 
Amando o nada, nunca se importando com o acaso do destino, 
Com o inesperado e as tramas que a vida pode nos conduzir. 


Agora, tudo me envolve, como um manto, tão singelo, tão verdadeiro 
A vida me jogou neste mar de conflitos, me sensibilizou e 
Ao mesmo tempo, sinto culpa do que não consegui fazer, 
Daquilo que não consegui ser. Sinto que o impossível 
Era tão passível e nunca quis compreender. 
Será que é tarde para arrancar esta máscara e tentar descobrir 


Quem realmente eu sou! 
Só agora a vida me faz refletir 
Só agora tento querer saber quem sou ! 


Serei uma personagem que disseca o sonho de um patriota exaltado? 
Quem sabe, um herói a um passo da loucura e a beira da realidade 
De sonhos às verdades, das mentiras às ilusões. 
No sono eterno, a paz merecida, assumindo a própria máscara. 
Posso ser também alguém que se encanta pelo Brasil 
Como um índio inquieto a percorrer trilhas sem fim.


Um corajoso em movimento e não um covarde imóvel 

Ou talvez, aquele que procura respostas, explicações 
Revisando seus erros num universo repleto de retificações 
Obter através de fraquezas alheias, envelhecer sem sentido 
Gastar os anos sem objetivo, maltratar-se e maltratando 
Endurecendo, calejando e embotando toda a sensibilidade 
Aceitando as tramas da vida, tal qual as armadilhas 
Que a própria vida faz ou quem sabe, culpar-se a vida toda 
Até conseguir o perdão eterno... 


Mas que máscara usar diante deste impasse? 
Duelar com o mundo, com a cultura, com os costumes 
Conviver com o orgulho, assumir papéis inconsequentes 
Ou mergulhar no encanto das palavras nos doces poemas 
Poema que enaltece, revigora, entristece e faz sorrir... 

...“Meu rosto descansa, entre duas flores, chamei-o, chamei-o 
muitas vezes e ele não quis responder, não pôde falar ! 
Disse que era tarde”... 

Oh, Cecília Meireles! nunca é tarde para assumir uma viagem sem fim 
Mesmo quando arrancamos a máscara diante da vida... 


Veneza de Almeida Babicsak

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Chat dos Sonhos

Um click! Segundos! Um sonho! Um mundo em nossas mãos! 
Desperta Cirandas em códigos. Sensações entrelaçadas, 
descobertas encobertas na tela da vida, esperanças 
tecladas sob a luz da ilusão surgem "Macabeas"... 
Palavras mudas numa orquestra virtual, 
desliza ardente na alma carente 
saciam desejos num silêncio 
profundo sem fim... 

"Estão famintas, mas não de comida..." No mar da solidão, 
pensamentos brilham, arquivam seus sonhos. No Chat 
da Vida, procuram respostas, encurtam distâncias, 
trocam mensagens, ocultam saudades, 
vivem palavras sem ter o que ter. 
Num link faminto... 
se encontram ... 
se encantam... 
se juntam... 
se tocam... 
unem... 

No banco de dados codificam identidades, diálogos distantes, 
respostas curtas aliviam tristezas, formatam sofrimentos, 
tabelam os favores e pedem ajuda, personalizam 
necessidades mas esperam mensagens. 
Pensam na vida, é tudo tão rápido 
no atalho dos sonhos. 
Frases incompletas... 
No Chat da Vida... 
Falta Conexão... 
Vida... 

O amanhã ressurge, abrem seus arquivos. 
Arquivos sofridos, arquivados nos sonhos, num click inesperado, um link pro mundo. 
Letras se juntam no plano de fundo, nos mares "tangran" só justificam identidades. 
Teclar não atrapalha a vida, rascunham transformando e acreditando. 
Nas tabelas inacabadas, as virgens Macabeas conseguem visualizar sedentos Severinos.
Muitos, muitos. 

No Chat 
dos Sonhos 
conseguem tecer 
seus sonhos... Matam suas 
fomes, colam nos gifs a estrela 
que brilha. Definem cenários, arquitetam 
o amanhã, deletam solidão, salvam respostas, 
abrem suas páginas, imprimem suas vidas, criam 
seus tópicos, se vêem nas páginas da web. Do mundo 
virtual, criam seu site: www.solidariedade.mundo/fome só, 
só e muito só, só conseguem selecionar e negritar realidades... 


Veneza de Almeida Babicsak

Macabéa é personagem de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector (1925-1977), 

romance publicado em 1977.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Orquestra de sonhos


Orquestra de sonhos

Na orquestra de sonhos, adormeço
Nos acordes da sinfonia, sonho
Na musicalidade de cada nota
Leve como a pena, me transporto.

Nas mãos suaves e firmes do maestro
Minha alma flutua num sono profundo
O violino chora nas mãos do Spalla
Meu corpo estremece, minha mente delira
Na orquestra de sonhos, eu sonho
Sonho acordada, sem estar só.

Veneza de Almeida Babicsak


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Inimigo

Meu pai me ensinou:
Se algum inimigo 
atravessar em seu caminho, 
faça de conta 
que ele é uma pedra e 
trate-o como tal, 
ou seja, desvie sempre 
para não se machucar. 

Veneza de Almeida Babicsak

Pedra no caminho

domingo, 6 de janeiro de 2013

Pavê Arco-Íris

Selva 

Mar 

Raios de sol 

Entardecer 

Pingos de chuva 

Nuvens em neve 


Juntos numa ciranda encantam o infinito. 

As formas se misturam, mesclam-se as cores. 

O compasso da chuva harmoniza o entardecer. 

No brilho do sol se ajeitam para o universo poder ver. 



Veneza de Almeida Babicsak


sábado, 5 de janeiro de 2013

Aprender

Aprendi a viver 
Sentir o amor 
Sofrer com a dor 

Aprendi a chorar 
Viajar pela alma 
Trilhar no coração 
Morar com a razão 

Aprendi a aprender 
Ter muitas saudades, 
Perder também, mas não 
Aprendi a perder você. 

Veneza de Almeida Babicsak












Para meu querido pai.